sexta-feira, 1 de junho de 2012

Pomba Gira Sete Saias


Seu nome verdadeiro é Jalusa Correia, uma bela mulher, morena de bastos cabelos negros e ainda tinha magníficos olhos verdes que encantava a todos. Aos seus 17 anos se casou e teve 02 filhos que foram por alguma razão de sua existência.
Quando estava prestes há completar 23 anos, uma tragédia abateu-se nela, pois seu marido e seus 02 filhos faleceram num doloroso acidente de trem que à noite para o dia ela se tornou uma pessoa triste e solitária. Por muitos anos, carregava o peso na consciência de não estar com eles naquele momento, culpava-se pelo fato de naquele dia ela sentiu uma indisposição que não quis acompanhá-los na viagem que sempre faziam em uma cidade vizinha. Aquela angústia que a torturava não conseguia diminuir o tamanho da sua dor e sofrimento.

Dez anos se passava até que a nossa Jalusa voltou a sorrir apesar do seu coração em pedaços, pois ela conheceu um rapaz chamado Jorge que era viúvo que se deixou levar pela solidão e o encanto da beleza dessa mulher. Conhecendo o trauma que ela vivia, ele teve a certeza de ter encontrado a mãe que a sua filha precisava. A sua filha se chamava Lourdes que ficou órfã a partir dos seus 06 anos que a tornou uma criança frágil e assustada.

Casaram-se, e a Jalusa era uma mãe e esposa exemplar até quando de repente passou a odiar a menina. A Lourdes a irritava, cada palavra que ela dizia entrava nos seus ouvidos como ofensa. A menina apanhava por qualquer coisa que eram palmatórias, surras e puxões de cabelo que ao deixava dolorida.
Sempre com medo de dizer ao pai o que acontecia na sua ausência, a criança ficava cada vez amarga e triste. Nos únicos momentos de alegria eram os seus passeios que fazia com seu pai. Ele sempre perguntava o que estava acontecendo, ela mentia dizendo que estava sentindo saudades da sua mãe.

O ódio da nossa Jalusa ia aumentando cada vez mais quando a criança chegasse perto dela, a lembranças dos seus filhos a atormentava, até que um dia, Jorge resolveu fazer uma surpresa e retornou mais cedo a sua casa. Ao chegar devagar para não ser notado, ouvia os gritos: sai vagabunda! Acompanhado pelo som de uma tapa até que abriu a porta justamente no momento que sua filha era atirada contra um canto da parede. Pela cena ele percebeu tudo o que acontecia na sua ausência, correu até a Jalusa e a esbofeteou com rancor exigindo que ela saísse da sua casa.
Diante disso, Jalusa passou a morar nas ruas, mendigando e falava mal às crianças que lhe passasse perto dela. Ou às vezes chorava muito, mas sempre erguia a sua cabeça dando suas altas gargalhadas. Numa noite de intenso frio, seu espírito foi arrancado do seu corpo e levado para as zonas sombrias por onde muitos anos procuravam as respostas para as suas feridas passadas.

Hoje nas vestes de uma Pomba Gira, ela sempre procura uma maneira de atender aos que a procuram com simpatia e carinho. Quem a conhece em Terra sabe de sua predileção por mães jovens e o respeito que nutre por todas as crianças nesse mundo.

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